agosto 12, 2012

Enquanto Dormes

Um suspiro contido ferve dentro do meu peito. Ao ver-te assim tão frágil, tão sensível perante as crueldades que a vida te aprontou, mas espero que ela não as cometa mais.
Descansas embalado num sono profundo. Os teus dedos mexem. A respiração, de vez em quando, acelera. Enquanto que a minha se sustém. Pensando que talvez esse sono profundo seja um dos últimos que presenciarei. Mas achas que eu quero? Eu não quero! Eu juro que não quero, por mais absurdo que isso te possa parecer agora. Não agora, em que prossegues a tua viagem secreta, e que eu acompanho de longe. Ou de perto, e mesmo assim não consigo obter informação suficiente sobre o itinerário. Nem me apetece incomodar-te com isso.
Escrevo assim, de rajada, enquanto dormes. E o suspiro contido ainda cá mora. Porque umas das tais crueldades, é minha.