outubro 10, 2011

Luz

Luz. Será decerto uma ousadia chamar-te de luz. Mas foi esse o efeito que tu próprio ousaste produzir na minha vida. Um efeito que não era ténue, que não era fosco. Um efeito ao qual eu não estava acostumada, pois eu conhecia apenas aquele tipo de luz trémula, ora tão forte, ora tão fraca ao mesmo tempo. Que não era constante. Que me consolava, ao iluminar-me por breves instantes, e que depois me deixava perdida, com a sensação de desorientação. E tanto lutava eu para tentar sair do escuro! Esse escuro momentâneo, contudo torturante. E vieste então tu, luz. Luz permanente. Aquela luz brilhante que não cega, mas que desperta. Aquela luz que não alucina, mas que ajuda a ganhar consciência do caminho que devo seguir. E eu segui. Fui removendo as pedras que punhas a descoberto. Fui subindo, fui descendo, fui trilhando. Tudo se tornava tão claro que me pareceu absurdo. Tão límpido perante os meus olhos, devido à tua existência. Devido a ti, luz. Luz pequenina, mas não ténue, mas não fosca. Eu sabia que estarias ali, sempre presente, e que não estremecerias. Deixei de sentir necessidade de lutar para sair do escuro, pois sabia que o escuro torturante não mais tomaria lugar. E quero agora que essa luz continue. Quero que tu continues a pôr a descoberto as pedras que vou avistando, mesmo que me custe removê-las do lugar onde se encontram. E se ainda assim não as consiga afastar, que ao menos tu, luz, me ajudes a passar por cima delas. Que me dês a tua calorosa mão para ver onde coloco os pés, para não cair mais. E se ainda assim cair, que incidas tu o teu poder próprio sobre mim e me dês força para me levantar. Porque és luz com razão de ser. Natural, limpa, clareante. Luz. Palavra tão curta, de três letras apenas, que assume tanto significado... Tu, de facto, significas algo para mim. Significas muito. Por isso, oxalá não me retires o conforto que se apoderou da minha alma ao experienciar o efeito que tiveste nela... Que não me retires o calorzinho bom do qual o meu corpo disfruta... Poderás ser luz que não bronzeia, mas que me confere beleza. Que não é sol, mas que apetece absorver. Que não é fogo, mas que aquece. Que não é estrela, mas que é cintilante... E que não estará distante. Pelo menos assim espero. Não quero mais ficar no meio do escuro. Não quero mais ignorar as pedras e tropeçar nelas e cair e magoar-me. Não te apagues. Alimenta-me, luz, e dá-me ânimo. Dá-me o amparo que preciso. Impõe-te ao meu sofrimento. Tu, que secas lágrimas. Luz. Ainda será uma ousadia chamar-te assim? Não sei... Mas eu ousarei na mesma, tal como ousarei manter-me sob o teu precioso raio. Por tudo isto devo dizer... Te adoro, meu raio de luz!

setembro 23, 2011

Coisas

Estava a lembrar-me agora de coisas nossas. Coisas minhas, coisas tuas, coisas que não sei como, mas que surgiram. E não sei onde é que essas coisas se foram buscar a elas próprias. Será que se resgataram sem eu saber? Só sei que por momentos, se instalaram na minha mente e não me deixaram tomar conta de mim, nem daquelas coisas que não são nossas.
São coisas tão ínfimas que nem sei como puderam pedir autorização à realidade para existir. E por serem tão ínfimas, eu me lembro delas, e mesmo assim as disseco, partícula por partícula, na esperança de arranjar para elas um sentido, uma razão. Talvez a própria realidade tenha trespassado o sonho para pôr essas coisas todas em cima da mesa, para que eu as visse, para que pudesse tocar nelas, cheirá-las, ouvi-las, senti-las... E recordar-me de ti. E de mim. Porque no fundo, são coisas nossas.
Logo agora, em que eu me ocupava de coisas que não seria suposto me ocupar - mas que devia... - apareceram outras!... De facto também isso não seria suposto, apesar de parecer. Aliás, nada seria suposto. Nem sequer essa substituição de ocupação. Só que pelos vistos, é. E por causa dessa fatalidade, me encontro aqui e agora, pensando em coisas, apenas. Coisas que as palavras não conseguem contar. Coisas que o coração se esforça por expulsar, e lá vem o raio do pensamento proibir. Coisas que esse tal sonho não consegue entender. Nem os outros.
Apenas coisas, é verdade... Mas que não deixarão nunca de ser nossas.

setembro 13, 2011

Saudade

Saudade, palavra bonita
Difícil de definir;
Mais fácil será de sentir
Se nela houver verdade.

E ao senti-la, um desejo
Nasce para a matar:
O desejo de te olhar
Que se torna realidade...

Será que um olhar basta
Para que ela se dissolva?
Não acredito que resolva
Tamanha dificuldade!

Pois quanto mais a matamos
Mais depressa a sentimos
E logo então descobrimos
O que é isso de "saudade"...

setembro 05, 2011

Ficarmos Juntos

Eu conheci-te, gostei de te conhecer, apaixonei-me por ti e gostava de ficar contigo.

"Porque devemos ficar juntos?" - foi esta a questão que praticamente me colocaste, sem no entanto a pronunciares. Só que eu tenho uma grande intuição, e logo percebi que devias ter dúvidas em relação à parte do "gostava de ficar contigo". Quer dizer, no fundo eu não gostava; eu queria, que é bem diferente. Aliás, eu quero, que é mais diferente ainda.

Ora, como eu gosto de ajudar as pessoas, principalmente aquelas que necessitam de ser esclarecidas, foquei-me na tua pergunta feita sem falar e pus-me a pesquisar a resposta para ela, ou as respostas, caso houvesse mais do que uma. E por acaso, havia. Ou há. As coisas que eu descubro!...

Foi uma pesquisa intensiva, mas acho que valeu a pena pelo resultado. Por isso te apresento neste momento as respostas, que espero que te ajudem no desaparecimento da tua dúvida... E que ela não volte, porque não faz cá falta nenhuma, em abono da verdade!

Pois bem, nós devemos ficar juntos porque não sei se já tinhas reparado, mas eu tenho a mesma estatura que tu e portanto consigo olhar-te bem nos olhos e ver os teus, a olhar para mim de volta. E consigo beijar-te sem ter grande trabalho, ou seja, assim já posso focar-me mais na intensidade do beijo sem me preocupar com o resto (contudo, ainda que tivéssemos estaturas diferentes, eu te olharia e beijaria na mesma).

Nós devemos ficar juntos porque tu até tens um cabelo tão comprido quanto o meu, e eu consigo acariciar-to e tu o meu; se fosse mais curto, era um pouco difícil, não por ser mais curto, mas porque a duração da carícia seria menor e não é isso que se pretende.

Descobri também que as palmas das nossas mãos encaixam perfeitamente uma na outra! Que coincidência engraçada, não é? E eu teria muito gosto em que elas se encaixassem por muito, muito, muito, mas muito tempo. Ou melhor, para sempre (desculpa usar este termo mas é mais prático).

Para além de tudo isto, eu sei que consegues ouvir o batimento do meu coração. Olha que eu também sei ouvir o batimento do teu, e sei que com um bocadinho de esforço, eles conseguem bombear em sintonia o sangue pelos nossos respectivos corpos. Devíamos ficar juntos igualmente por isto, porque se ambos os corações trabalharem em equipa, o sangue circula com mais facilidade e teremos mais tempo para viver. E tu não gostarias de viver por mais uns anos? Eu sim, e seria interessante fazê-lo acompanhada, principalmente por alguém que também o quisesse... Espero que seja o teu caso!

Devemos ficar juntos porque me lembro de uma vez me teres dito que não eras egoísta, e eu também não o sou, logo se parte do pressuposto que podemos dar um ao outro um pouco de nós... Eu, falando pela minha pessoa, não me quero só para mim!...

Devemos ficar juntos porque enfim, existem sofás de dois lugares, camas de casal, mesas que fazem conjunto com duas cadeiras, menus para duas pessoas, bilhetes para duas pessoas... E até mesmo numa taça de doce se pode colocar duas colheres.

Bom, se isto ainda não te convenceu, fica então a saber que devemos ficar juntos porque existe aquela coisa a que as pessoas costumam chamar de destino. Imagina que tens 3 caminhos à tua frente: um caminho curto, que se percorre numa dúzia de passadas, um caminho um pouco mais longo e um outro a perder de vista. O destino é como se fosse uma espécie de árvore muito bonita que serás capaz de encontrar no meio de um desses caminhos. Percorres o primeiro e dás logo com ela; percorres o segundo e lá está ela de novo; andas depois pelo terceiro caminho, que é longuíssimo... Mas avistas a árvore na mesma! Assim sendo, independentemente dos caminhos que faças, encontrarás sempre a árvore.

E eu acredito que és a árvore que existe nos meus caminhos todos! Provavelmente, eu serei a dos teus, porque acho justo retribuir. Assim estamos quites. Eu posso abrigar-me na tua sombra, colher as tuas flores e comer dos teus frutos sem que tu reclames, porque podes fazer-me o mesmo.

Lá no fundo não sei porque haverás de ser tu essa árvore e não outra pessoa qualquer... Deve ser porque devemos ficar juntos. Pelo menos foi aquilo que me disseste.

julho 23, 2011

Elementar

És Terra e de ti me vou cobrir
És Água na qual me vou banhar
És Ar que me faz querer subir
És Fogo que me queima devagar...

julho 19, 2011

Tu Dizes...

Tu dizes que sou bonita. Que sou atraente. Que tenho um corpo bonito, um "corpinho Danone". Que o adoras.
Tu dizes que adoras o meu cabelo, o meu sorriso, o meu cheiro. Que a minha pele é macia. 
Tu dizes que sou meiga, carinhosa, que te estrago com mimos. Que adoras os meus beijos, o meu toque. Que os meus abraços são quentes. Que é bom sentires a minha energia, que é bom eu estar junto de ti.
Tu dizes que sei como te dar prazer. Que eu te tiro do sério. Que te deixo aceso, que te deixo louco. Que sei mexer-me na cama como ninguém. Que adoras ouvir-me gemer. 
Tu dizes que aprecias a forma como eu me entrego. Que te arrepio quando mordisco levemente a tua orelha, quando percorro as tuas costas devagar com as minhas unhas. Que fico sexy de lingerie vestida. 
Tu dizes que eras capaz de estar um dia inteiro a fazer amor comigo. Que sou demasiado boa para ser recusada.
Tu dizes que eu sou louca, no bom sentido. Que sou uma pessoa bem-disposta. Que eu sou amiga. Que sou verdadeira.
Tu dizes que gostas das coisas que eu te digo. Que são coisas bonitas. Que o que eu digo tem a sua importância.
Tu dizes que tenho qualidades que aprecias numa mulher. Que sou uma mulher completa. Que possui um lado angelical, mas ao mesmo tempo diabólico, sensualmente falando.
Tu dizes que te faço bem. Que te sentes bem comigo. Que te sentes grato pela minha existência.
Tu dizes que eu sou especial...


E que tal dizeres "AMO-TE" ?...

junho 13, 2011

Receita Infalível

Pega-se num kg de amor (de preferência maduro), junta-se 3 chávenas cheias de confiança e mais 3 de respeito. Mistura-se bem até ficar consistente. Leva-se ao lume, e sem deixar arrefecer, adiciona-se uma taça de sinceridade. Ir mexendo bem. No final decora-se com amizade q.b.. Consumir sem pressas.

maio 13, 2011

Sonho, Logo Insisto

Sonho, logo insisto.
Logo insisto e não desisto
Não desisto de sonhar
E muito menos de lutar.
Lutar sem desistir
Pois insisto em existir
E se existo, logo luto
Pelo sonho absoluto.
Esse sonho que me move
Minha existência absorve
É o risco que eu corro;
Se eu não insistir, morro.
E se morro, não existo.
Mas tenta entender isto:
Como hei-de eu morrer
Se a tua vida sonho ser?

maio 08, 2011

A Nuvem

Da janela do meu quarto vi uma nuvem.
Grande, fofa,
Tão branca e cintilante...

Pensei em como seria se a tivesse só para mim
Se pudesse lá chegar e sentar-me nela
Olhando o mundo de cima, sem cair.

Se pudesse observar melhor o sol ao acordar nela
E a lua, quando a noite chegasse.
Pensei em como seria se pudesse contar as estrelas.

E tão distraída eu estava nos meus pensamentos
Que não dei conta de que aquela nuvem
Tinha mudado de lugar.

No entanto, ela lá continuava, no céu.
E continuava a ser grande, fofa,
Tão branca e cintilante...

Como aquela nuvem, assim és;
Mesmo que vás para longe
Sei que estarás por perto
Para que eu te contemple e pense
Em como tudo seria se te tivesse só para mim...

abril 23, 2011

Ama

Ama.
Não te desculpes com o pouco tempo... O Amor nunca usou relógios.
Nem sequer com o excesso de trabalho... Ele não paga horas extraordinárias.
Ama.
Falta-te dinheiro? Ele também nunca te irá cobrar nada.
E mesmo que a distância seja longa... O Amor faz questão de a encurtar.
Não te preocupes se alguém se opõe a isso... Ele não conhece inimigos.
Ama.
Ele pode envenenar-te... Mas ele também é o antídoto.
O Amor não quer que morras por ele... Porque é ele que te faz sentir vivo.
Por isso, ama.
Ama enquanto vives. Vive enquanto amas.

abril 13, 2011

Não Tem Piada

Não tem piada comer morangos.
Não tem piada dormir numa cama enorme.
Não tem piada esperar.
Não tem piada sorrir ao espelho.
Não tem piada fazer um embrulho.
Não tem piada ser distraída.
Nao tem piada perder horas a tentar disfarçar uma borbulha.
Não tem piada cantarolar e dar pulos.
Não tem piada suar das mãos e gaguejar.

A vida sem ti... De facto, não tem piada.

março 27, 2011

(O que restou de um poema roubado...)

(...)
Contigo ficarei
Até o destino querer
Mas se o meu destino for amar-te
Vou cumpri-lo até morrer!

março 20, 2011

Teste Psicotécnico

ESCREVA PALAVRAS COMEÇADAS PELA LETRA E

- Especial
- Espectacular
- Estimulante
- Engraçado
- Encantador
- Enigmático
- Espiritual
- Espantoso
- Estonteante
- Empenhado
- Etéreo
- Eleito
- Enérgico
- Erótico
- Emocionante
- Épico
- Exclusivo
- Escultural
- Elfo
- Empolgante
- Esperto
- Entusiasmante
- Educado
- Exercitado...

- Eh pá...

- É

- ELE!

Como?...

Como se procura alguém
Que não sabe que partiu?
Como explicar que a luz
Não quer um lugar sombrio?

Como se deve mostrar
Um afecto com teoria?
Será que se pode tirar
Realidade da fantasia?

Pergunto porque não sei
Como devo comunicar
Com quem um dia julguei
Que soubesse o que era amar...

Falar, não sei para quê...
Será um esforço em vão
No fundo, só fala quem crê
No silêncio do coração...

março 03, 2011

Condição

Coração frio
Mente estagnada
Olhar vazio
Cheio de nada.

Algo distante
Não posso tocar
Nem mesmo durante
Um aproximar.

Que condição esta
Chamada de vida!
Afinal não presta
Se for sofrida.

Fico onde estou
Ou saio daqui?
E pra onde vou
Se for sem ti?

fevereiro 27, 2011

Noutra Página

Houve um certo momento em que permanecemos calados, de frente um para o outro, mas sem nos olharmos nos olhos. E ali estávamos nós, sozinhos, dentro de um espaço em obras e mal-iluminado, numa espécie de impasse, como se ambos nos estivéssemos a decidir sobre o que fazer a seguir. Mas lá no nosso íntimo, sabíamos perfeitamente o que havíamos de fazer. Mantive-me quieta, à espera da reacção dele. E ele enfim reagiu, roçando o nariz dele no meu, muito suavemente, como se quisesse procurar os meus lábios... Mas sem pressa, pois sabia que eles estariam ali à espera dos seus... Como sempre, aliás... Aninhou o seu rosto no meu, e depois levantou-o, para que então nos beijássemos... Naquele instante, fiquei com a confortável sensação de que afinal não o tinha perdido como julgava. Tudo estava como dantes, felizmente. E num certo acto de gratidão, devorei-lhe a pele macia do pescoço com beijos profundos, intensos e doces...

fevereiro 24, 2011

Sabes Uma Coisa?

Só se ama uma vez na vida.
Eu amava o X... Naquele tempo.
Eu amava o Y... No tempo a seguir.
Eu te amo... Agora e sempre!
Pelo menos enquanto o sempre durar!...

E o sempre dura para sempre.

fevereiro 20, 2011

Desabafo

Sabe tão cruelmente a pouco
Quando estás aqui e subitamente partes
Como se houvesse mais alguma vida lá fora
Que precisasse da tua presença...
Eu, mais do que ninguém, preciso dela.
Preciso da tua presença.
Preciso da minha vida, mas só se estiveres dentro dela.
E sabe tão cruelmente mal
Quando me apercebo que afinal não é bem assim...
Dá-me uma sensação de vazio, uma sensação de nada
Saber que pode ser assim
Mas que isso ainda está tão longe da minha mão...
E este nada preenche-me agora
Agora que não estás aqui.

fevereiro 14, 2011

P.S. :

Sei que não sou para ti quem eu gostava realmente de ser, mas trato-te tal como se o fosse... E embora nunca se deva dizer "nunca", assumo o risco de te dizer que nunca te irei virar as costas, que nunca causarei o cair de uma lágrima tua, que nunca estarei ausente, mesmo que te pareça o contrário. Corres-me nas veias. Fazes-me querer sair de mim para te poder dar tudo, mas mesmo tudo aquilo que não tiveste. E esse tudo se resume a uma só palavra, tão pequena mas ao mesmo tempo tão imensa, tão cheia de ti. Talvez não chegues a ler isto, mas os meus olhos continuarão a gritá-lo até que um dia me oiças...

Catorze Zero Dois

Eis um dia especial
Dia de S. Valentim
Dedicado aos namorados
(E aos amores declarados)
Mas não o é para mim.

Casais caminhando na rua
E imagino como seria
Estar junto de quem eu quero
Mas lá no fundo desespero...
- E se fosse só neste dia?...

Declaro-me apaixonada
Sou romântica inata
Mas não posso permitir
Que a grandeza do meu sentir
Se concentre numa só data...

Só há um dia para o amor?...
Na verdade é estupidez!
Porque se deve celebrar
Sempre que se desejar
E não uma única vez.

fevereiro 08, 2011

(Um excerto... De um diálogo... De um livro imaginário...)

- Como estás?
- Não sei... Talvez um pouco desorientado...
- Desorientado? Podia emprestar-te a minha bússola...
- Nunca pensei que precisasses de uma bússola... E ela aponta para aonde?
- Para aqui.
A Fada colocou-lhe suavemente a mão sobre o peito, acrescentando:
- O caminho que percorro é até ao teu coração... Também devias fazer o mesmo...
- Como assim? Seguir o meu coração?
- Sim... E encontrarias a verdade... Aquela da qual tu próprio te escondes.
- Eu não me escondo de verdade alguma. Eu sou o que sou, sei o que sou, o que quero e para onde vou.
- Se sabes para onde vais? Por que razão dizes estar desorientado?
Ele irritou-se.
- Sai. Tu não percebes...
A Fada levantou-se, fitou-o e disse:
- Tu é que não percebes que algo te trouxe até mim, mesmo que nunca tenhas querido encontrar-me.


in "A Fada E O Mago"

janeiro 24, 2011

És Tu

És tu que me preenches e completas
Que me mostras as portas abertas
Para que eu viva o mundo de vez...

És tu que me consomes e eu deixo
Que fazes cair o meu queixo
E me baralhas a sensatez...

És tu que me pões a escrever isto
Pois neste momento sinto um misto
De saudade e desejo desperto...

Ele estava dormente e acordou
Porque este coração se lembrou
Que ainda és lago no meu deserto...