setembro 23, 2011

Coisas

Estava a lembrar-me agora de coisas nossas. Coisas minhas, coisas tuas, coisas que não sei como, mas que surgiram. E não sei onde é que essas coisas se foram buscar a elas próprias. Será que se resgataram sem eu saber? Só sei que por momentos, se instalaram na minha mente e não me deixaram tomar conta de mim, nem daquelas coisas que não são nossas.
São coisas tão ínfimas que nem sei como puderam pedir autorização à realidade para existir. E por serem tão ínfimas, eu me lembro delas, e mesmo assim as disseco, partícula por partícula, na esperança de arranjar para elas um sentido, uma razão. Talvez a própria realidade tenha trespassado o sonho para pôr essas coisas todas em cima da mesa, para que eu as visse, para que pudesse tocar nelas, cheirá-las, ouvi-las, senti-las... E recordar-me de ti. E de mim. Porque no fundo, são coisas nossas.
Logo agora, em que eu me ocupava de coisas que não seria suposto me ocupar - mas que devia... - apareceram outras!... De facto também isso não seria suposto, apesar de parecer. Aliás, nada seria suposto. Nem sequer essa substituição de ocupação. Só que pelos vistos, é. E por causa dessa fatalidade, me encontro aqui e agora, pensando em coisas, apenas. Coisas que as palavras não conseguem contar. Coisas que o coração se esforça por expulsar, e lá vem o raio do pensamento proibir. Coisas que esse tal sonho não consegue entender. Nem os outros.
Apenas coisas, é verdade... Mas que não deixarão nunca de ser nossas.

setembro 13, 2011

Saudade

Saudade, palavra bonita
Difícil de definir;
Mais fácil será de sentir
Se nela houver verdade.

E ao senti-la, um desejo
Nasce para a matar:
O desejo de te olhar
Que se torna realidade...

Será que um olhar basta
Para que ela se dissolva?
Não acredito que resolva
Tamanha dificuldade!

Pois quanto mais a matamos
Mais depressa a sentimos
E logo então descobrimos
O que é isso de "saudade"...

setembro 05, 2011

Ficarmos Juntos

Eu conheci-te, gostei de te conhecer, apaixonei-me por ti e gostava de ficar contigo.

"Porque devemos ficar juntos?" - foi esta a questão que praticamente me colocaste, sem no entanto a pronunciares. Só que eu tenho uma grande intuição, e logo percebi que devias ter dúvidas em relação à parte do "gostava de ficar contigo". Quer dizer, no fundo eu não gostava; eu queria, que é bem diferente. Aliás, eu quero, que é mais diferente ainda.

Ora, como eu gosto de ajudar as pessoas, principalmente aquelas que necessitam de ser esclarecidas, foquei-me na tua pergunta feita sem falar e pus-me a pesquisar a resposta para ela, ou as respostas, caso houvesse mais do que uma. E por acaso, havia. Ou há. As coisas que eu descubro!...

Foi uma pesquisa intensiva, mas acho que valeu a pena pelo resultado. Por isso te apresento neste momento as respostas, que espero que te ajudem no desaparecimento da tua dúvida... E que ela não volte, porque não faz cá falta nenhuma, em abono da verdade!

Pois bem, nós devemos ficar juntos porque não sei se já tinhas reparado, mas eu tenho a mesma estatura que tu e portanto consigo olhar-te bem nos olhos e ver os teus, a olhar para mim de volta. E consigo beijar-te sem ter grande trabalho, ou seja, assim já posso focar-me mais na intensidade do beijo sem me preocupar com o resto (contudo, ainda que tivéssemos estaturas diferentes, eu te olharia e beijaria na mesma).

Nós devemos ficar juntos porque tu até tens um cabelo tão comprido quanto o meu, e eu consigo acariciar-to e tu o meu; se fosse mais curto, era um pouco difícil, não por ser mais curto, mas porque a duração da carícia seria menor e não é isso que se pretende.

Descobri também que as palmas das nossas mãos encaixam perfeitamente uma na outra! Que coincidência engraçada, não é? E eu teria muito gosto em que elas se encaixassem por muito, muito, muito, mas muito tempo. Ou melhor, para sempre (desculpa usar este termo mas é mais prático).

Para além de tudo isto, eu sei que consegues ouvir o batimento do meu coração. Olha que eu também sei ouvir o batimento do teu, e sei que com um bocadinho de esforço, eles conseguem bombear em sintonia o sangue pelos nossos respectivos corpos. Devíamos ficar juntos igualmente por isto, porque se ambos os corações trabalharem em equipa, o sangue circula com mais facilidade e teremos mais tempo para viver. E tu não gostarias de viver por mais uns anos? Eu sim, e seria interessante fazê-lo acompanhada, principalmente por alguém que também o quisesse... Espero que seja o teu caso!

Devemos ficar juntos porque me lembro de uma vez me teres dito que não eras egoísta, e eu também não o sou, logo se parte do pressuposto que podemos dar um ao outro um pouco de nós... Eu, falando pela minha pessoa, não me quero só para mim!...

Devemos ficar juntos porque enfim, existem sofás de dois lugares, camas de casal, mesas que fazem conjunto com duas cadeiras, menus para duas pessoas, bilhetes para duas pessoas... E até mesmo numa taça de doce se pode colocar duas colheres.

Bom, se isto ainda não te convenceu, fica então a saber que devemos ficar juntos porque existe aquela coisa a que as pessoas costumam chamar de destino. Imagina que tens 3 caminhos à tua frente: um caminho curto, que se percorre numa dúzia de passadas, um caminho um pouco mais longo e um outro a perder de vista. O destino é como se fosse uma espécie de árvore muito bonita que serás capaz de encontrar no meio de um desses caminhos. Percorres o primeiro e dás logo com ela; percorres o segundo e lá está ela de novo; andas depois pelo terceiro caminho, que é longuíssimo... Mas avistas a árvore na mesma! Assim sendo, independentemente dos caminhos que faças, encontrarás sempre a árvore.

E eu acredito que és a árvore que existe nos meus caminhos todos! Provavelmente, eu serei a dos teus, porque acho justo retribuir. Assim estamos quites. Eu posso abrigar-me na tua sombra, colher as tuas flores e comer dos teus frutos sem que tu reclames, porque podes fazer-me o mesmo.

Lá no fundo não sei porque haverás de ser tu essa árvore e não outra pessoa qualquer... Deve ser porque devemos ficar juntos. Pelo menos foi aquilo que me disseste.