Estava a lembrar-me agora de coisas nossas. Coisas minhas, coisas tuas, coisas que não sei como, mas que surgiram. E não sei onde é que essas coisas se foram buscar a elas próprias. Será que se resgataram sem eu saber? Só sei que por momentos, se instalaram na minha mente e não me deixaram tomar conta de mim, nem daquelas coisas que não são nossas.
São coisas tão ínfimas que nem sei como puderam pedir autorização à realidade para existir. E por serem tão ínfimas, eu me lembro delas, e mesmo assim as disseco, partícula por partícula, na esperança de arranjar para elas um sentido, uma razão. Talvez a própria realidade tenha trespassado o sonho para pôr essas coisas todas em cima da mesa, para que eu as visse, para que pudesse tocar nelas, cheirá-las, ouvi-las, senti-las... E recordar-me de ti. E de mim. Porque no fundo, são coisas nossas.
Logo agora, em que eu me ocupava de coisas que não seria suposto me ocupar - mas que devia... - apareceram outras!... De facto também isso não seria suposto, apesar de parecer. Aliás, nada seria suposto. Nem sequer essa substituição de ocupação. Só que pelos vistos, é. E por causa dessa fatalidade, me encontro aqui e agora, pensando em coisas, apenas. Coisas que as palavras não conseguem contar. Coisas que o coração se esforça por expulsar, e lá vem o raio do pensamento proibir. Coisas que esse tal sonho não consegue entender. Nem os outros.
Apenas coisas, é verdade... Mas que não deixarão nunca de ser nossas.
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