setembro 13, 2017

Conclusão

Olho para as minhas mãos e concluo que elas só fazem sentido quando passam pela tua cabeça enquanto dormes

Quando no fundo te encontram.

setembro 05, 2017

Quadra Ígnea

Toma este fogo tão meu

Que me brota do coração

Para incendiar o teu

E queimá-lo de paixão...

setembro 04, 2017

Conto

Era uma vez o Caos

Que casou com a Anarquia

Conceberam o Pânico

E viveram temidos para sempre.

setembro 02, 2017

Nostalgia

Já era noite cerrada quando ela saiu do edifício onde passara as últimas oito horas do seu dia. Noite cerrada e frio, um frio de rachar e chuviscos que a faziam precipitar-se a passos largos para as escadas que haviam de abrigá-la, ela com um parco capuz, desprotegida, a caminhar em direcção a mais uma carruagem. Tudo lhe sabia a cansaço naquele momento. Mas sabia que nos olhos dele havia sempre Verão.

setembro 01, 2017

Bocados

Apetece-me escrever, como há muito não fazia. Não me lembro da última vez que escrevi algo, contudo lembro-me que aquele papel onde despejei sinceros desabafos acabou desfeito em bocados. Guardei-os na minha gaveta, à espera que um dia se reconciliassem uns com os outros. Mas não. Devem ser como eu, que quando não gosto de algo ou esse algo não interessa, pura e simplesmente ignoro. Foi isso que aconteceu. Os bocados ignoraram-se uns aos outros, até chegarem ao ponto em que realmente não estavam a fazer nada na minha gaveta e foram para o lixo. E lá foi um texto com o caraças.

Ou foi isso, ou então quem realmente ignorou o que quer que seja foi quem os concebeu. Os bocados de papel, entenda-se.

Talvez eu também deva ignorar mais vezes. Mas sem ser ignorante.

agosto 23, 2017

Citação

Houve alguém que um dia me disse que isso de deixar no mundo a nossa marca é treta… Que temos de deixar é a nossa marca nos corações das pessoas.

Acredito que no fundo vai dar ao mesmo.

agosto 21, 2017

O Céu

A casa tem janelas muito grandes, e isso é bom... Sempre tenho mais céu para olhar. Mas ainda que fossem pequenas, não havia mal, porque o céu está todo na minha cabeça.

janeiro 20, 2017

Devagar

Os dias são todos iguais. Sei que o amanhã vai ser hoje. A chuva bate sempre da mesma maneira.
Quando há sol, rendo-me à luminoterapia: sento-me à frente dele e temos uma conversa sem palavras, dentro das minhas quatro paredes, que é para ninguém ouvir.
O sono vai-me fazendo a companhia necessária. As vontades, essas hibernam, tão ferradas que não as consigo acordar!...
No resto do que se vive está um frio de cortar o corpo.
Migalhas que não duram para o pão.
Gente constantemente inconstante.

Aqui morre-se devagar.