março 15, 2016

As Histórias de Amor

As histórias que se dizem de amor não são perfeitas. Aliás, as verdadeiras são aquelas que não são perfeitas. Não se ilustram com capas de revistas nem com as dos livros do Nicholas Sparks. As histórias às quais se pode chamar de amor têm ramelas e maquilhagem esborratada às 3 da manhã. Vestem-se com aquele pijama larguíssimo de tão velho, mas tão confortável e não deixam de ser grandes histórias. Nelas há o “vai-te foder, mas antes disso beija-me” e não há melhor abrigo contra o frio, a chuva e o medo do que a curva que vai desde o pescoço até ao ombro do(a) co-autor(a). Nelas também se chora, escorregando as costas contra a parede até ao chão frio da cozinha… Fílmico? Não, histórico! E há nódoas de ketchup ou de mostarda ou de maionese nos cantos da boca, prontamente eliminadas com um guardanapo em forma de lábios… Fazem-se com palavras desligadas e sons despertos, com água a correr e terra entre os dedos. Cheiram a álcool, a tabaco, a colónia, a roupa lavada, a sexo. As histórias de amor escrevem-se com céu e inferno… Tatuam-se com sangue por dentro. E nunca há tinta que chegue para as registar como deve ser nas folhas do tempo.