fevereiro 27, 2011

Noutra Página

Houve um certo momento em que permanecemos calados, de frente um para o outro, mas sem nos olharmos nos olhos. E ali estávamos nós, sozinhos, dentro de um espaço em obras e mal-iluminado, numa espécie de impasse, como se ambos nos estivéssemos a decidir sobre o que fazer a seguir. Mas lá no nosso íntimo, sabíamos perfeitamente o que havíamos de fazer. Mantive-me quieta, à espera da reacção dele. E ele enfim reagiu, roçando o nariz dele no meu, muito suavemente, como se quisesse procurar os meus lábios... Mas sem pressa, pois sabia que eles estariam ali à espera dos seus... Como sempre, aliás... Aninhou o seu rosto no meu, e depois levantou-o, para que então nos beijássemos... Naquele instante, fiquei com a confortável sensação de que afinal não o tinha perdido como julgava. Tudo estava como dantes, felizmente. E num certo acto de gratidão, devorei-lhe a pele macia do pescoço com beijos profundos, intensos e doces...

fevereiro 24, 2011

Sabes Uma Coisa?

Só se ama uma vez na vida.
Eu amava o X... Naquele tempo.
Eu amava o Y... No tempo a seguir.
Eu te amo... Agora e sempre!
Pelo menos enquanto o sempre durar!...

E o sempre dura para sempre.

fevereiro 20, 2011

Desabafo

Sabe tão cruelmente a pouco
Quando estás aqui e subitamente partes
Como se houvesse mais alguma vida lá fora
Que precisasse da tua presença...
Eu, mais do que ninguém, preciso dela.
Preciso da tua presença.
Preciso da minha vida, mas só se estiveres dentro dela.
E sabe tão cruelmente mal
Quando me apercebo que afinal não é bem assim...
Dá-me uma sensação de vazio, uma sensação de nada
Saber que pode ser assim
Mas que isso ainda está tão longe da minha mão...
E este nada preenche-me agora
Agora que não estás aqui.

fevereiro 14, 2011

P.S. :

Sei que não sou para ti quem eu gostava realmente de ser, mas trato-te tal como se o fosse... E embora nunca se deva dizer "nunca", assumo o risco de te dizer que nunca te irei virar as costas, que nunca causarei o cair de uma lágrima tua, que nunca estarei ausente, mesmo que te pareça o contrário. Corres-me nas veias. Fazes-me querer sair de mim para te poder dar tudo, mas mesmo tudo aquilo que não tiveste. E esse tudo se resume a uma só palavra, tão pequena mas ao mesmo tempo tão imensa, tão cheia de ti. Talvez não chegues a ler isto, mas os meus olhos continuarão a gritá-lo até que um dia me oiças...

Catorze Zero Dois

Eis um dia especial
Dia de S. Valentim
Dedicado aos namorados
(E aos amores declarados)
Mas não o é para mim.

Casais caminhando na rua
E imagino como seria
Estar junto de quem eu quero
Mas lá no fundo desespero...
- E se fosse só neste dia?...

Declaro-me apaixonada
Sou romântica inata
Mas não posso permitir
Que a grandeza do meu sentir
Se concentre numa só data...

Só há um dia para o amor?...
Na verdade é estupidez!
Porque se deve celebrar
Sempre que se desejar
E não uma única vez.

fevereiro 08, 2011

(Um excerto... De um diálogo... De um livro imaginário...)

- Como estás?
- Não sei... Talvez um pouco desorientado...
- Desorientado? Podia emprestar-te a minha bússola...
- Nunca pensei que precisasses de uma bússola... E ela aponta para aonde?
- Para aqui.
A Fada colocou-lhe suavemente a mão sobre o peito, acrescentando:
- O caminho que percorro é até ao teu coração... Também devias fazer o mesmo...
- Como assim? Seguir o meu coração?
- Sim... E encontrarias a verdade... Aquela da qual tu próprio te escondes.
- Eu não me escondo de verdade alguma. Eu sou o que sou, sei o que sou, o que quero e para onde vou.
- Se sabes para onde vais? Por que razão dizes estar desorientado?
Ele irritou-se.
- Sai. Tu não percebes...
A Fada levantou-se, fitou-o e disse:
- Tu é que não percebes que algo te trouxe até mim, mesmo que nunca tenhas querido encontrar-me.


in "A Fada E O Mago"