setembro 08, 2024

A Pequena Morte

Contorço-me
Vinco os dentes no punho
Para não gritar
Vinco os meus dedos no ventre despido
Como se fosse tua a mão
A puxar-me para um vale
Onde era suposto nos perdermos
Cerro os olhos
Suportando abnegada
A sensação que me invade
Sufocando o rosto nos cabelos
Que outrora te cobriam de tão longos
De tão lânguidos quanto o calor que nos exalava
Afinal só sou eu agora; cedo me apercebo
O ventre, o peito, o punho
Tudo fica frio e apodrece
Na mais injusta das sepulturas.

julho 14, 2024

Patente

Peguei num pensamento

Coloquei-o num pedestal

Arranquei um escopro do peito

E esculpi-o

Moldei-o com o tempo

E chamei-lhe de memória

Mas ficou por assinar

Entretanto está exposta

No museu da minha mente

Para toda a gente a apreciar

De forma gratuita

Quando ela brotar dos meus lábios

E toda a gente vai querer saber de onde ela veio

Por isso venho pedir-te autorização

Para escrever nela o teu nome.