Pergunto-me se algum dia
Voltarei a falar contigo
Pergunto-me se algum dia
Voltarás a ser um amigo.
Pergunto se não podias
Ter sido mais do que isso...
E pergunto àqueles dias
Porque se quebrou o feitiço...
Pergunto, interrogo, indago
O passado incontornável.
É nele que hoje divago
E lhe chamo memorável.
Deleito-me no seu trono
Onde tudo se torna bruma
Vendo bem, eu questiono
O porquê de coisa nenhuma.
junho 28, 2012
junho 19, 2012
Génese
Já
que está a ser difícil conversar contigo porque andas sempre ocupado, espero
que arranjes um bocadinho de tempo para ler isto. Foi a única maneira que
arranjei para desabafar e tirar um peso do peito. E lá no fundo para mim é mais
fácil exprimir-me a escrever do que a falar...
O
que se passa é o seguinte: eu tenho namorado, gosto muito dele, mas ultimamente
tenho pensado em ti de outra forma... Como tu disseste, qualquer pessoa pode cair
em tentação mesmo que tenha um compromisso com alguém...
O
que me levou a cair em tentação em relação a ti foi o facto de tu, ao longo do
tempo, teres tido um comportamento em relação a mim que eu gostava que o X
tivesse: atencioso, carinhoso... De vez em quando mandas uns piropos... E és
sincero no que dizes. O X também era assim ao início, mas agora está
diferente. A nossa relação já não tem aquela emoção que tinha, percebes? Eu não
deixei de gostar dele, mas... Por outro lado sinto falta de ter alguém como tu ao
meu lado... Alguém mais maduro, que me faça sentir bem e que dê valor àquilo que
sou, porque tenho muito a tendência de me inferiorizar a mim própria e de às
vezes sentir que estou a mais na vida dos outros...
Não
estou a dizer que estou apaixonada por ti ou algo do género, mas também não sei
definir o que sinto... Talvez seja apenas uma atracção física, ou um carinho
especial, fora do normal... No fundo é uma necessidade de proteger-te, de não
deixar que ninguém te magoe, de passar bons momentos contigo... Em certa altura
pensei que também sentisses o mesmo em relação a mim, e que aos poucos
estivesses a esquecer a Y... Que coisa estúpida, não é? Interpretei as
coisas de uma maneira errada, principalmente depois daquela conversa nocturna
que tivemos por mensagens...De tu dizeres que me achavas especial e atraente,
depois tiveste aquele deslize inesperado (desculpa ter-te estragado o momento
lol)... Comecei a fazer um filme na minha cabeça que não correspondia à
realidade... A culpa é da carência... Mas sinceramente gostava que me respondesses
a esta pergunta: alguma vez pensaste em cair em tentação comigo, mesmo gostando
ainda da Y? Disseste que não querias cair... Mas achas que caías? E se o X não existisse? Desculpa se estou a ser muito convencida...
Agora
que já disse o que tinha a dizer, a única coisa que eu quero é ultrapassar esta
fase de confusão e que continuemos a darmo-nos como dantes, como se isto não
tivesse acontecido... Peço-te que não comeces a evitar-me por causa disto e que
não deixes de tratar-me como sempre fizeste (e bem)... Quero passar uma borracha
sobre o assunto e assentar os pés na terra. Se não responderes às minhas
mensagens, não me quero sentir mal como me tenho sentido até agora, a pensar
que não respondes porque não estás para te ralar e tens mais que fazer do que
aturar os meus dramas (se calhar até é verdade... Mas tu não és assim, pois
não?).
Também
espero que desta vez esse coração fique inteiro e de boa saúde... Se houver mais
uma queda (oxalá que não, para teu bem!), estou cá para te amparar... Como uma
boa amiga, simplesmente. Acredita.
Obrigada
pela paciência!
Adoro-te!
junho 13, 2012
A Agulha
A agulha com que teces esperanças
É a mesma que usas pr’as rasgar
E ainda que apontasse bonanças
Se tornaria revolto o teu mar!
Qual golpe de tesoura ou de espada?
Qual adaga, ou faca ou punhal?
E ainda que eu não vivesse nada
Essa agulha me seria mortal...
Docemente tu me vais picando
Com a sua ponta afiada e fria
E ainda que eu viva sangrando
Sofrer mais por ti conseguiria!
Cravejada de sonhos, e em flor
Com o tempo desfalece a pele nua
E ainda que não queira tanta dor
Continua a torturar-me, continua!
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