As tuas veias.
Já escrevi tanto sobre o teu corpo...
Mas as tuas veias.
Aproximei-me de ti, estando tu sentado, ocupado. Aproximei-me de ti, na mesma.
Abracei-te pelas costas, tu sentado, mal iluminado pela luz do
candeeiro ao lado. A luz iluminava o teu braço, e consequentemente as
tuas veias, que dele sobressaíam.
Abracei-te pelas costas,
pousei o meu queixo sobre o teu ombro, fiquei a olhar para as tuas
veias. A luz do candeeiro ao lado iluminava a minha pulseira, que parece
de prata, mas não é. Mas tem o teu nome a dourado. Dizem que o silêncio
é de ouro e a palavra de prata. Eu acho que é mais ao contrário.
Abraçando-te, acariciei-te o peito nu, e tu ocupado. Só que estavas
ali, de qualquer forma. E eu só pensava: "Porque é que não podes estar
sempre?".
E ali as tuas veias, veias pulsantes do teu braço,
veias predominantes, onde o calor acelera e o sangue também, quando o
teu braço se encontra com o meu. Quando o teu abraço conhece também o
calor de todas as veias do meu corpo.
Continuei abraçada a ti, e
a pulseira com o teu nome brilhava, e tu brilhavas para dentro de mim,
meu amado. O amor dá-nos luz e eu tenho a tua comigo, por mais ocupado
que estejas. E eu a admiro e a absorvo porque não encontrei até agora
luz igual.
E a luz do candeeiro ao lado iluminava-te. E as tuas
veias. Acho que ainda não escrevi tudo sobre o teu corpo. Mas já te
escrevi nas minhas.