fevereiro 14, 2018

In Caelis

Certo dia um jovem entrou no templo procurando o Mestre. Precisava de amparo porque ultimamente não se entendia com aquela a que o seu coração decidiu chamar de sua.
“Dói-me por dentro… Não ouso sequer pensar que a posso perder.”
Depois de ouvir o jovem, o Mestre perguntou:
“- Alguma vez reparaste no Sol e na Lua?”
“- Claro… Difícil será não reparar.”
“- E alguma vez reparaste no Sol e a Lua a brilharem juntos, lado a lado?”
“- Não, Mestre… Tal é impossível!”
“- Pois a Lua espera que o Sol se ponha para aparecer e assim iluminar a noite, e por seu lado o Sol espera que a Lua recolha para conceber mais um dia…”
Perante a expressão interrogativa do jovem, o Mestre prosseguiu:
“- Saberás então que, desde que o Homem se toma por mortal, Sol e a Lua nunca se cruzam; tal como fogo e água, divergem por natureza… Contudo, um não pode existir sem o outro.”
O rosto do jovem serenou. Disse-lhe o Mestre, olhando fixamente:
“- Ainda que te cubras de nuvens espessas e tua amada se esconda na fase nova, lembra-te que tu e ela se completam.”

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