fevereiro 27, 2013

Choque Em Cadeia

Recebeste o condão de amar quem não te ama de volta. Porque essa mesma pessoa ama outra. Como não te achas digno e merecedor de mais ninguém, a não ser da pessoa que o teu coração escolheu (e não tu), não te sentes capaz de te entregar a outrém, tal como a pessoa que escolheste também não se sente capaz de se entregar a ti. É então que aparece uma outra pessoa na tua vida, que recebeu o condão de te amar... E tu lhe fazes o mesmo que te estão a fazer. A pessoa cujo coração te escolheu, e não ela, também se vai sentir como tu te sentes em relação a quem ainda amas. E essa pessoa não conseguirá dar-se a mais ninguém a não ser a ti... E quem a amará depois não terá o seu amor de volta. E assim sucessivamente...

Neste choque em cadeia, não há vítima que escape ilesa. Uns morrem, ainda que lentamente, outros sofrem escoriações mais ou menos graves, consoante a força do embate. É então que chega esse experiente e conceituado doutor chamado Tempo ao local do acidente. Pergunta o que temos, onde sentimos mais dores, faz um diagnóstico completo do nosso estado. Trata das nossas feridas e reanima quem está prestes a sucumbir. 

Este doutor, como tantos outros, não faz milagres, nem nos promete a mais rápida das recuperações. Ficaremos com cicatrizes, mazelas, decerto condicionados com memórias do fatídico acontecimento... Contudo, uma coisa é certa: mais cedo ou mais tarde, e graças a ele, estaremos prontos para nos fazermos à estrada de novo... Visto que o itinerário que percorremos não nos levou ao destino que mais procurávamos (muito pelo contrário...), ficaremos inclusive com vontade de conhecer um diferente...

E dessa vez, será sem sofrer um único arranhão.

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