Queres falar?
Se não quiseres eu não me importo. Ouvir a tua respiração também é importante. Conversas de silêncio são igualmente ternas e agradáveis.
E quantas vezes em silêncio eu não sorria para mim? E quando não sorria, tapava a cara com os cabelos ou com as mãos, cabeça encostada a pedra ou a vidro.
Encostava-me ao teu peito e tudo era perfeito. Olhava a luz do candeeiro ali ao lado. Olhava-te enquanto te olhavas por dentro.
Dentro da gaveta ainda guardo aquele lenço. Sinto-lhe o cheiro e disparo, transporto-me nele até aos momentos em que o tinha tão, mas tão perto. Tinha-te.
Tenho o peito apertado. O meu coração sofre de gigantismo. Inspiro com um pouco de dificuldade. Expiro tudo que se balança na ténue linha que separa o ser do estar.
Sou à espera que queiras falar. Ou pelo menos, que me oiças respirar-te.
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