Lembro-me
tão bem como se fosse ontem.
Era
de noite, era Verão, ambos em casa, sentados no sofá, com o portátil no colo,
conectados na rede que nos havia conectado nesse mesmo ano.
“
- Estamos numa relação?”
De
repente sais-te com esta. Ainda só tinham passado quatro dias… Quatro dias
apenas, desde aquele em que nos tínhamos conhecido. Mas em bom rigor, entre a
primeiríssima conexão de todas (tudo por culpa de uns blogues) e a tua
pergunta, decorreram quatro meses. Teoricamente.
É
engraçado como se quantifica o tempo para nos situarmos, para nos
justificarmos, quando na verdade é a qualidade que importa. Em teoria, quatro
meses haviam passado; na prática, foram muito mais, os suficientes para
realmente chegarmos àquele ponto em que tu te sais com aquela… Em que, na
prática, mesmo antes de nos termos conhecido, já nos conhecíamos.
É
engraçado como o tempo passa… Mas lembro-me tão bem como se fosse ontem.
Que
pergunta tão retórica, tão óbvia.
" - Estamos!", respondi eu, reforçando o óbvio. Retórica, teórica e praticamente, estamos. E estávamos, há muito. Pronto, ficou oficial. Eu numa relação contigo, tu numa relação comigo. Na rede e tudo. Sobretudo na rede de sensações e emoções que foi crescendo e nos prendeu da forma mais fantástica e inesperada possível.
" - Estamos!", respondi eu, reforçando o óbvio. Retórica, teórica e praticamente, estamos. E estávamos, há muito. Pronto, ficou oficial. Eu numa relação contigo, tu numa relação comigo. Na rede e tudo. Sobretudo na rede de sensações e emoções que foi crescendo e nos prendeu da forma mais fantástica e inesperada possível.
O
portátil foi testemunha, toda a casa, a noite de Verão também. Que seria a
primeira de tantas noites e tantos dias e tantas coisas para viver, cheias de
metades que completam o todo.
A
partir daquele dia, fundámos uma parceria, feita de imagens icónicas e um
sistema de comunicação próprio, de linguagem lexical, apenas por nós falada e
compreendida. Mais do que uma relação, o amor virou instituição. De fundos de
investimento privados, que de vez em quando, fomos tornando públicos. Bastava
destoarmos do ambiente sisudo e maquinal dos restaurantes e bares, encher a
sala cibernética de algodão doce verbal… Bastava passarmos pelo mundo abraçados
ou de mão dada.
No
fundo, a partir daquele dia, instituímo-nos como um sendo do outro. Ainda
assim, na manhã seguinte, quiseste confirmar. Reforçando o óbvio, olhaste para
mim com ternura e perguntaste:
“
- Estamos numa relação?”
Olhei
para ti com ternura e respondi:
“
- Estamos numa relação.”
Lembro-me
tão bem como se fosse hoje. Espero que te lembres também.
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