Naquele dia... Veludo azul era o "dress code"
combinado. Para além do azul que ela envergava, havia o vermelho-paixão a
tingir-lhe os cabelos. Ele na mesma medida, também trazia azul, enquanto que o
vermelho igualmente vestia as rosas que levava no bouquet.
Naquele dia, ela tinha na bagagem uma mão carregada de
sonhos e um bilhete com destino ao coração dele, só de ida... Ele a esperava no
cais, de peito reservado para a receber e a aconchegar numa longa estadia. Há quanta vida ele não estaria à espera dela?
E ele a esperou, naquele dia, com o nervoso miudinho que
toma conta deste tipo de ocasiões e nos tolhe os movimentos. Após tantos textos
e testes, após realmente tanta coisa, ele a esperou. E ela chegou. Cada um no
lado oposto do cais. E na verdade, eram opostos; as assimetrias eram mais que
muitas. Mas foram justamente as assimetrias que os levaram até ali.
Naquele dia, o beijo foi curto e atrapalhado - lá está o
nervoso miudinho de novo. O que esse intruso não sabia é que aquele seria o
primeiro de muitos beijos, trocados com intensa e imensa mestria, própria de
quem já conhece os cantos ao lado de dentro. Eles já se no fundo já se
conheciam, antes de se conhecerem.
Naquele dia, o azul não era afinal de veludo e muito
menos de cetim ou seda... Mas mesclou-se com o do céu. O vermelho pulsou nas
veias e nas rosas deitadas no seu leito. Todas as outras cores ganharam cor,
ocupando os seus sentidos e lugares.
Naquele dia, ela chegou ao destino tão ansiado. E ele
cumpriu com o seu... Faz hoje dois anos.
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