Minha cara amiga:
Penso que seja esta a primeira vez que te escrevo, em tantos anos... E de certeza que já deves saber qual o motivo que me leva a fazê-lo...
Conheço-te desde sempre, e tu a mim. Desde muito pequena que lido contigo e que te trato por tu, tal é a proximidade que nos une. Por opção minha ou por força das circunstâncias, tornaste-te numa companhia quase constante, que costumava preencher o vazio que experienciei em certas alturas da vida - aquelas alturas em que mais ninguém se dispunha a estar perto de mim, em que ninguém mais se importava com os meus dilemas.
Partilhámos muitos espaços, muitos tempos, e ainda hoje isso acontece. Mesmo estando eu no meio de uma multidão, és tu quem eu vejo e é contigo que eu conto para me sentir abrigada, reconfortada. No fundo, és importante para mim. Mas ultimamente, tens vindo a ser um pouco cruel comigo. Tratas-me mal e isso dói-me. Deixaste de ser a habitual ouvinte das minhas lágrimas, para passares a ser a causa delas.
Porque me fazes isso? Talvez tenhas receio de que haja pessoas a querer destronar-te, tirar-te o lugar, e é o que provavelmente faz de ti um ser insuportável. Não, não quero que te vás embora definitivamente da minha vida; fazes-me falta de vez em quando... Eu confesso. Contudo, sinto necessidade de me manter afastada de ti. Sinto que me estás a consumir, ao ponto de me quereres matar de vez. Por isso ando à procura de alguém que me possa defender.
Esforça-te para me entenderes... Eu até gosto de ti, e agradeço-te pelo silêncio reparador que instalaste em mim quando eu mais precisei. Mas estás a transformar-te aos poucos numa amizade perigosa, pela forma como ages comigo, e assim sendo, dispenso a tua presença nos meus dias. Por favor, não me tentes aprisionar! Eu te peço com todas as forças que ainda me restam... O meu coração está fraco, precisa de quem lhe consiga injectar fôlego para ele bater, e tu não estás a colaborar! Afinal és minha inimiga?!...
Liberta-me, deixa-me ir, não me leves o que ainda tenho para viver! Eu prometo que voltarei para ti... Só que não tão brevemente. Enquanto eu não encontrar a cura para a minha alma doente, quero que fiques longe, bem longe... Porque sei que se estiveres por perto, vais piorar as coisas, e então os papéis se inverterão. Serás tu a vítima.
Não encares isto como uma ameaça. No entanto, se pretendes continuar com a tua existência, não me impeças de encontrar um sentido para a minha...
Adeus, Solidão... Até um dia.
Desta sempre tua
Minha querida, desejo-te boas entradas. Um excelente 2011 espera por ti! :)
ResponderEliminarbeijos