dezembro 10, 2010

Numa Página

Houve um momento em que ficámos ambos deitados, eu com a cabeça apoiada no seu peito, ele de cara inclinada para o lado e de olhos fechados. Acariciei-lhe o pescoço muito suavemente, a face, e ao mesmo tempo ia pensando em como me sabia tão bem estar ali, senti-lo tão meu, tão perto de mim... E era capaz de estar assim a tarde inteira, a dar-lhe carinho... Disse-lhe "Amo-te" em silêncio. Acrescentei depois um "Amo-te muito", mais uma vez sem soltar a voz. Não queria que ele ouvisse, porque sei que para ele é uma palavra complicada de assimilar. E ao pensar nisso, ao pensar na sua incapacidade de retribuir o que sinto, a minha expressão crispou-se. Pensei em como era injusto. Pensei em tudo o que se tem passado até agora, mil e um episódios me vieram à cabeça, senti-me impotente por nada poder exigir... Senti-me tão frágil... E uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

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