Entrei na sala de espera e observei o que me rodeava: tanta, mas tanta gente! Tanta gente sentada, a perder de vista!... Tanta gente à espera... Do mesmo que eu... Aliás, todos à espera da mesma coisa. Só havia uma porta, que naquele momento estava fechada. Uns falavam entre si, outros permaneciam calados. Mas todos ansiosos para que ela abrisse.
Encontrei milagrosamente uma cadeira vaga e sentei-me. Fiquei igualmente à espera. Reconheci algumas pessoas ao longe, mas não cheguei a falar com elas. Pareceram-me bastante optimistas, pois deviam pensar que seriam as primeiras. No fundo de mim, eu também tinha essa expectativa.
Assim me mantive, com um sorriso nos lábios, esperançosa, sonhadora. Até que a porta se abriu... Finalmente, a porta abriu-se!... Sentia-se a excitação em toda aquela sala. Todos vibravam de emoção. Ouviram-se nomes. Imensos nomes, ditos em voz bem alta, para que não houvesse dúvidas. Os que iam sendo chamados levantaram-se e dirigiram-se para a porta um a um. Foram entrando ordenadamente. Via-lhes sorrisos enormes, brilhos nos olhos, transbordavam alegria. Fiquei contente por eles, por todos eles, como se aquilo estivesse a acontecer comigo. Eles acenaram-me, eu acenei-lhes de volta, só por cortesia. Não era nenhuma despedida, porque eu sabia que me iria juntar a eles. Era uma questão de tempo.
A enorme sala de espera foi-se esvaziando. Havia cada vez mais cadeiras vagas. Quase que se podia ouvir o eco da minha respiração... Uma respiração acelerada. Fui aguardando. Aguardando. Aguardando... Esperando ouvir o meu nome...
Até que ouvi a porta a fechar-se com grande estrondo. O meu coração parou. Gelei. Quando me dei conta, eu era a única pessoa que ainda estava sentada. A única. Ninguém me tinha chamado.
Teria havido algum engano? Algum lapso? Será que já me tinham chamado e eu não ouvi? E porque é que ninguém me tinha avisado?... Não podia ser. Esperei mais um pouco, com a sensação de que alguém se tinha esquecido de mim, mas que se iria lembrar rapidamente. Não ia tardar nada. E eu poderia finalmente entrar naquela porta.
As horas passaram. Nada. Ninguém se lembrou. Esqueceram-se mesmo de mim. Eu nem queria acreditar. Afinal, não seria eu merecedora de entrar também?!...
Ali estava eu. Sentada, na sala de espera. Outrora, repleta de gente. Agora, completamente vazia. Só ficaram as cadeiras. As paredes nuas. O chão frio. O tecto lá longe. Um silêncio ensurdecedor. E eu.
Levantei-me e fui bater à porta. Infelizmente, ninguém me abriu. Bati com todas as forças que me eram possíveis. Magoei os punhos. Gritei. Chorei de desespero e raiva.
Tentei sair na porta pela qual tinha entrado anteriormente. Não consegui. Estava trancada. Quem é que a trancou?...
Apercebi-me que nada podia fazer. Resignei-me... No fundo eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, alguém me viria buscar. Voltei a sentar-me. Encostei a cabeça contra a parede, fechei os olhos. Acalmei-me, por fim.
E ainda lá estou. Sentada, na sala de espera. À espera que alguém chame o meu nome. À espera de ser feliz.
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