Estou a ver os traços da tua espinha. Tu para
aí ocupado, ou a fingir que estás, para não pensares em nada, e nem te
apercebes do deleite que me proporcionas. As tuas costas nuas, cenário
perfeito para um passeio de unhas. E agora estás de cigarro
na boca. "You delicious bastard". Lembras-te? Eu sim. Espero que te
lembres disso e muito mais. Embora agora ache que estás muito mais
preocupado em arrumar os CD que tens por aí espalhados do que
propriamente em lembrares-te de mim. Ou de nós. Mas aqui estou eu,
sentada, a contemplar-te, em silêncio. A ver os traços da tua espinha.
Aquela que eu acabo por arrepiar cada vez que te toco. Assim espero que
seja. Que o meu toque não tenha sido em vão. Que o tenhas guardado
algures em ti. Que não o tenhas transferido para mais lugar nenhum. Nem
sequer para os CD. Olha que fico ciumenta, e vai na volta agarro neles e
desarrumo-os só para depois ter o prazer de te ver a arrumá-los
novamente na estante, de costas nuas para mim. Tal como se estivesses a
arrumar o caos dos teus dias, dos teus pensamentos, das tuas frases e
afirmações. Sei que não estás. Agora os CD, depois o resto. E depois eu,
ou talvez não. Ou talvez sim. Ou então eu, e depois o resto. Quanto a
mim, já defini as prioridades: primeiro, contemplar-te. Depois,
continuar a adorar-te. E por fim, amar-te, a ti e os traços da tua
espinha. E que eu saiba disso.
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