junho 21, 2013

Costas Nuas

Estou a ver os traços da tua espinha. Tu para aí ocupado, ou a fingir que estás, para não pensares em nada, e nem te apercebes do deleite que me proporcionas. As tuas costas nuas, cenário perfeito para um passeio de unhas. E agora estás de cigarro na boca. "You delicious bastard". Lembras-te? Eu sim. Espero que te lembres disso e muito mais. Embora agora ache que estás muito mais preocupado em arrumar os CD que tens por aí espalhados do que propriamente em lembrares-te de mim. Ou de nós. Mas aqui estou eu, sentada, a contemplar-te, em silêncio. A ver os traços da tua espinha. Aquela que eu acabo por arrepiar cada vez que te toco. Assim espero que seja. Que o meu toque não tenha sido em vão. Que o tenhas guardado algures em ti. Que não o tenhas transferido para mais lugar nenhum. Nem sequer para os CD. Olha que fico ciumenta, e vai na volta agarro neles e desarrumo-os só para depois ter o prazer de te ver a arrumá-los novamente na estante, de costas nuas para mim. Tal como se estivesses a arrumar o caos dos teus dias, dos teus pensamentos, das tuas frases e afirmações. Sei que não estás. Agora os CD, depois o resto. E depois eu, ou talvez não. Ou talvez sim. Ou então eu, e depois o resto. Quanto a mim, já defini as prioridades: primeiro, contemplar-te. Depois, continuar a adorar-te. E por fim, amar-te, a ti e os traços da tua espinha. E que eu saiba disso.

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