És
muito para mim. O normal seria arranjar um adjectivo para pôr no meio e
tornar esta frase mais completa e com mais sentido. Em vez de
adjectivos, poderia inclusive encontrar outros termos, ou comparações
metafóricas, fazendo a vontade à razão e deixando que ela se tornasse a
tradutora de um coração que fala aquela tal língua que muitos estudam
mas poucos entendem. Poderia falar de coisas complicadamente
simples tais como o elevado grau de apetecibilidade denunciado pela tua
forma esteticamente interessante e intelectualmente estimulante de ser.
E neste caso, o coração franziria o sobrolho, como quem acha que o
intérprete anda ali a meter os pés pelas mãos, quando afinal o que ele
quer é transmitir o que é dito de uma maneira mais eloquente e
prestigiada. Não compliquemos de facto as coisas. És muito para mim, e
quero que sejas ainda mais. Sem adjectivos, porque na verdade eles se
perderam na tal tradução. Só quero que sejas muito mais esse muito, que o
coração discurse sem parar e tanto e com tanto de si que a razão
desista de se intrometer e se retire do outro palanque, por não haver,
na verdade, palavras que valham. E na verdade, eu quero que esse muito
seja ainda mais muito e ainda melhor. E quero não conseguir explicá-lo
nunca. Desde quando é que se explica o que não se pode entender?
Quero só que sejas muito para mim. Como já o és, literalmente.
Quero só que sejas muito para mim. Como já o és, literalmente.
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